‘Para nós, a Amazônia não é uma causa, é a nossa casa, sendo que, as autoridades tem que sair do discurso e ir para prática’, diz ribeirinhas.
Na margem oposta, em Saracá, os moradores locais devem agora caminhar várias centenas de metros sobre areia e lama, atravessar um trecho raso do rio em uma canoa e depois escalar uma duna para chegar às margens do reduzido Rio Negro, de onde o uma viagem de duas horas até Manaus é quase impossível para barcos grandes. Mesmo pequenas lanchas correm o risco de encalhar em águas rasas. O acesso é ainda mais desafiador para inúmeras outras comunidades ribeirinhas, agora a quilômetros de distância da beira da água.
Isto é calamitoso para uma população que depende dos cursos de água para o abastecimento de alimentos, medicamentos, água, acesso a serviços de saúde e educação – e de actividades económicas como a pesca, o turismo e a venda de produtos agrícolas.
“Conseguimos fazer farinha [de mandioca, alimento básico], pescamos, mas temos que comprar o resto da comida em Manaus”, diz Nelson Brito, presidente da comunidade Santa Helena do Inglês, que costuma ficar a 10 minutos rio acima do Saracá em canoa motorizada. Agora são uma caminhada de 2 km ao longo do árido leito do rio. Os alunos estão sem aulas, as visitas semanais da equipe médica foram suspensas e os moradores rezam para que ninguém fique gravemente doente.
“Temos uma pequena lancha, mas ela está atolada em um lago. Não há como tirá-lo. Mesmo que pudéssemos, o custo [da viagem para Manaus] seria de cerca de 800 reais (£ 130). E onde você consegue esse dinheiro se não está gerando renda?” pergunta Adriana Azevedo de Siqueira, gerente da pousada comunitária do vilarejo.
Vivendo na reserva de desenvolvimento sustentável do Rio Negro, uma área de conservação, os cerca de 200 habitantes de Saracá e Santa Helena do Inglês dependem da pesca e do turismo para subsistência. O primeiro está ficando mais difícil, enquanto o último está paralisado.
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